Leitura Bíblica Romanos 9.25-29
I. Oseias – O Profeta Menor
II. Isaías – O Profeta Maior
III. Classificação dos livros proféticos
VISÃO PANORÂMICA DOS LIVROS
PROFÉTICOS DE ISAÍAS E OSEIAS
ISAÍAS
Isaías é o mais ilustre dos profetas literários e é conhecido como o profeta messiânico, pois é o livro dos Profetas que mais faz menção da vinda do Messias. Nada sabemos sobre Amoz, o pai de Isaías (1.1), mas o Talmude afirma que era irmão do rei Uzias. Se isso puder ser confirmado, então, Isaías era sobrinho de Uzias, rei de Judá. Isaías exerceu o ministério de profeta e conselheiro da corte e viveu entre 740 e 700 a.C. Foi contemporâneo de Oseias, Amós e Miqueias (Os 1.1; Am 1.1; Mq 1.1).
[...] Isaías é o primeiro dos Profetas Posteriores, no Cânon Judaico, vindo logo depois dos livros dos Reis, e é seguido de Jeremias, Ezequiel e os Profetas Menores.
Conteúdo
O livro apresenta duas partes principais, a primeira (1 – 39) e a segunda são os 27 capítulos (40 – 66), o equivalente aos 39 livros do Antigo Testamento e os 27 do Novo.
Contra as nações inimigas. Constitui-se de discursos e avisos proféticos visando em primeiro plano tudo o que diz respeito à vida e à piedade, ao bem-estar social e espiritual da nação eleita. Mas há também advertências contra as nações vizinhas, como a Filístia (14.28-32), Moabe (15 – 16), Síria (17), Egito (18 – 20), Edom e Arábia (21.11-17).
Alusões históricas. Há ainda nessa primeira parte alusões históricas, como a sua chamada, no capítulo 6, a aliança do Reino do Norte com Rezin, rei de Damasco, para destruir a casa de Davi, ocasião que deu origem à profecia messiânica sobre o nascimento de uma virgem (7.14). Relata ainda como Deus acrescentou mais 15 anos de vida ao rei Ezequias, capítulo 38, e a invasão de Jerusalém por Senaqueribe, rei da Assíria, e a sua derrota (39).
Profecias messiânicas e escatológicas. Há profecias messiânicas (9.1-6; 11.1); há profecias escatológicas para o Milênio, nos capítulos 2 – 4 e 11.
Segunda parte. Trata-se de um discurso profético contínuo e ininterrupto, e nisso difere da primeira parte. Começa com uma palavra de conforto (40.1), tendo como ponto de partida o cativeiro previsto em 39.5-8. É um longo discurso de livramento e de promessas escatológicas, de esperança tanto para Israel como para o mundo, através de Jesus Cristo (60.3; 66.12; Ap 21.24).
Algumas citações de Isaías no Novo Testamento:
6.9,10 → Mt 13.13-15; Jo 12.39-44; At 28.25-27.
8.12 → 1 Pe 3.14,15.
11.4 → 2 Ts 2.8
21.9 → Ap 14.8; 18.2.
28.16 → Rm 9.33; 1 Pe 2.4-6.
OSEIAS
Oseias, Amós e Miqueias viveram na mesma época. Com o profeta Isaías eles formam o quarteto do período áureo da profecia hebraica, entre 790 e 695 a.C. Oseias e Amós eram profetas do Reino do Norte, enquanto Miquéias profetizou em Judá.
Segundo Keil seu ministério durou de 60 a 65 anos. Isso parece ser confirmado pelo próprio texto sagrado: “Palavra do SENHOR que foi dita a Oseias, filho de Beeri, nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá, e nos dias de Jeroboão, filho de Joás, rei de Israel” (Os 1.1). A soma dos anos desses quatro reis de Judá são 113 anos. Jeroboão II reinou 40 anos (2 Rs 14.23) entre 793-753. Se Oseias começou seu ministério no final do reinado de Uzias e alcançou pelo menos os primeiros anos de Ezequias, fica claro que Oseias exerceu seu ministério por tempo prolongado.
Conteúdo
Oseia encabeça a lista dos Profetas Menores. Contém 14 capítulos e está dividido em duas partes principais. A primeira trata-se da biografia do profeta que retrata a história de seu povo, na sua geração (1 – 3); é o sumário do livro. A segunda parte trata do mesmo assunto de maneira mais ampla e detalhada. É o livro do amor de Jeová. Sua mensagem consiste no apelo contra o pecado, advertências sobre o juízo de Deus, o amor eterno de Jeová e a profecia sobre a restauração de Israel, no fim dos tempos. Oseias é citado por nome em o Novo Testamento (Rm 9.25,26) e o livro em outras partes, como a profecia messiânica (11.1; Mt 2.15).
TEXTO EXTRAÍDO DA OBRA “Visão Panorâmica do Antigo Testamento: A formação, inspiração, cânon e conteúdo de seus livros. CPAD, pp. 186-88, 203,04”.
Palavra Chave: Literatura
Conjunto de trabalhos literários de um país ou época.
•
o Todos os profetas, tanto os pré-clássicos como os clássicos, têm a mesma autoridade divina e igualmente falaram em nome do Senhor.
o Os chamados clássicos são os profetas literários, divididos em dois grupos: Maiores e Menores.
o A lição de hoje apresenta um breve estudo do texto da Leitura Bíblica em Classe e, em seguida, uma explanação acerca de dois grupos dos livros proféticos em consideração.
I. OSÉIAS – O PROFETA MENOR
1. Oséias em o Novo Testamento.
o É sabido que a “Bíblia” dos tempos do Novo Testamento consistia exatamente no que hoje conhecemos como o Antigo Testamento.
o Por isso, o apóstolo Paulo fundamentava sua pregação e seu ensino na Lei e nos Profetas e dizia que não pregava outra coisa senão o que “os profetas e Moisés disseram que devia acontecer” (At 26.22).
o No texto de Romanos 9, por exemplo, o apóstolo dos gentios cita o nome de Oséias (v.25a) e faz referência ao texto do profeta (Os 2.23).
o Note na Leitura Bíblica em Classe que, em seguida, o apóstolo Paulo cita outro profeta, Isaías.
o Algo que chama a atenção é o fato de o apóstolo citar os dois profetas exatamente na ordem em que se encontram em nossa Bíblia: Oséias, o primeiro dos Profetas Menores e Isaías, dos Maiores.
2. A vocação dos gentios prevista em Oséias.
o A história deste profeta, como já foi dito na segunda lição, é um dos casos raros em que a condição pessoal do profeta serviu para retratar a mensagem divina; é o que chamamos de “oráculo por ação”.
o Sua história dramática é conhecida por todos os que lêem a Palavra de Deus.
o Até mesmo os nomes de seus filhos descreviam a situação do relacionamento entre o Senhor e Israel.
o Lo-Ami, terceiro filho de Gomer, mulher do profeta Oséias, era ilegítimo, pois ela havia adulterado (Os 1.8,9).
o Esse nome significa “não-povo-meu”, isto é, “não és meu filho”.
o Assim como o adultério rompe os laços matrimoniais, Israel, por causa de sua infidelidade a Deus, havia quebrado o concerto divino firmado no Sinai.
o Entretanto, a profecia contempla um fim glorioso para Israel: “[...] a Lo-Ami direi: Tu és meu povo!” (Os 2.23).
o É exatamente essa a mensagem que o apóstolo aplica aos gentios que se convertem mediante o evangelho de Cristo: “Chamarei meu povo ao que não era meu povo” (Rm 9.25).
3. A interpretação apostólica.
Assim como os hebreus desviados dos dias de Oséias ofereciam sacrifícios aos deuses falsos, os gentios adoravam aos ídolos.
Tais cultos eram, na verdade, oferecidos aos demônios (1 Co 10.20).
Entretanto, Deus mudaria a sorte de “Lo-Ami” (nesse caso, a utilização de seu nome consiste em uma sinédoque representando Israel), pois “no lugar onde se lhes dizia: Vós não sois meu povo, se lhes dirá: Vós sois filhos do Deus vivo” (Os 1.10).
Da mesma forma, Paulo interpretou o texto de Oséias, declarando que o Senhor Deus igualmente mudou a condição dos gentios que se converteram à fé cristã: “Vós não sois meu povo, aí serão chamados filhos do Deus vivo” (v.26).
SINOPSE DO TÓPICO (I)
O livro de Oséias tem sua autoridade escriturística reconhecida pelo apóstolo Paulo, que vê neste livro prevista a vocação dos gentios como povo de Deus.
II. ISAÍAS – O PROFETA MAIOR
1. Explanação apostólica (v.27).
• O apóstolo Paulo aplica a profecia de Isaías acerca do remanescente fiel aos judeus de sua geração, porque apenas uma minoria deles veio a crer em Jesus.
• A explanação apostólica tem sua razão de ser.
• O profeta Isaías, preanunciando a destruição do Reino do Norte pelos assírios, destaca “os resíduos” de Israel (Is 10.20), que, sendo poupados por Deus, viriam posteriormente a se converter (v.21).
• Em outras palavras, a maior parte daquele povo ia perecer (Is 10.22).
2. O cumprimento das promessas de Deus (v.28).
• Na realidade, não somente o versículo 28, mas toda esta seção (vv.27-29) demonstra que o cumprimento das promessas do Senhor é um fato.
• Contudo, este se concretiza no tempo de Deus, e não o contrário.
• Assim, a despeito de a rejeição de Israel a Deus ser uma realidade e a aceitação da mensagem de salvação pelos gentios ser um fato observável, as promessas do Senhor para os judeus não falharam.
• O profeta fala de uma parte de Israel que será salva, ou seja: o remanescente fiel.
3. A graça de Deus prenunciada por Isaías (v.29).
No versículo 29, o apóstolo Paulo volta a citar o profeta messiânico, fazendo alusão a Isaías 1.9.
• Ele faz coro com o profeta, reconhecendo que se não fosse a misericórdia de Deus, o remanescente de Israel teria desaparecido da terra assim como aconteceu com Sodoma e Gomorra.
• O apóstolo Paulo está, com isso, advertindo os judeus a reconhecerem a graça de Deus e a converterem-se ao Senhor, a fim de serem salvos (Rm 3.9,23,30; Gl 3.22).
SINOPSE DO TÓPICO (II)
O profeta Isaías é referido pelo apóstolo como autoridade escriturística em relação à rejeição de Israel.
III. CLASSIFICAÇÃO DOS LIVROS PROFÉTICOS
1. Os Profetas Maiores.
• É uma designação utilizada para identificar o primeiro conjunto de cinco livros dos profetas.
• Eles são chamados de “maiores” por causa do volume do seu conteúdo literário.
• Os três mais volumosos são Isaías, Jeremias e Ezequiel.
• Apesar de o livro de Lamentações conter apenas cinco capítulos e o de Daniel doze, ambos pertencem ao grupo dos profetas maiores.
2. Os Profetas Menores
• São os doze livros que sucedem os profetas maiores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miqueias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.
• Apesar de ser doze o número de livros, todo o material literário dos profetas menores é considerado como um só livro no cânon judaico.
• A designação deve-se ao seu pequeno volume literário em comparação aos de Isaías, Jeremias e Ezequiel, e não quanto à qualidade da inspiração divina.
3. A autoridade do ministério profético do Antigo Testamento na Nova Aliança.
o O apóstolo Paulo citou Oséias e Isaías, reconhecendo a inspiração e a autoridade divinas de ambos.
o Eles clara e distintamente ouviram a voz de Deus, tendo plena consciência da revelação recebida do Senhor por intermédio do Espírito Santo.
o Todos eles foram impelidos pelo Espírito do Senhor para declarar os oráculos divinos ao povo.
o Alguns dos profetas menores foram contemporâneos dos maiores, como Oséias, Amós e Miqueias, que viveram na mesma época de Isaías.
o Os últimos dias da vida de Sofonias, por exemplo, coincidiram com os primeiros de Jeremias.
o Seus temas foram os mesmos, porquanto profetizaram a respeito do Messias, de Israel, das nações vizinhas e da justiça social.
o As Escrituras Sagradas não fazem distinção entre os dois grupos.
o Com exceção de Lamentações, Ezequiel, Obadias e Sofonias, que não são citados diretamente em o Novo Testamento (apesar de haver no texto neotestamentário inúmeras reminiscências de tais livros), todos os demais livros são citados diretamente pelo Senhor Jesus e pelos seus apóstolos.
o Seis deles são citados por nome: três Maiores: Isaías (Mt 3.3), Jeremias (Mt 2.17) e Daniel (Mt 24.1.5); e três Menores: Oséias (Rm 9.25), Jonas (Mt 12.39-41) e Joel (At 2.16).
o Uma curiosidade é que depois do livro dos Salmos, Isaías é o mais citado em o Novo Testamento.
SINOPSE DO TÓPICO (III)
A Escritura Sagrada classifica os livros proféticos em dois grupos: maiores e menores, que têm sua autoridade escriturística reconhecida por Jesus e seus apóstolos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
o Os livros dos profetas menores não são secundários, nem os dos maiores mais importantes.
o Todos são inspirados verbal e plenariamente pelo Espírito Santo.
o Sem eles, jamais viríamos a entender o plano de Deus para Israel, para os gentios e para a nossa vida em particular.